Histórico

Evolução da Cirurgia Plástica

Considerada como procedimento inovador e moderno, a cirurgia plástica remonta às mais antigas descobertas da medicina. Embora sejam relevantes os avanços em técnicas, tecnologias e materiais utilizados para garantir cada vez mais precisão às cirurgias e procedimentos, há relatos de que muito tempo antes de Cristo, na Índia, já se praticava a plástica reconstrutora de nariz.

A literatura médica atribui as primeiras referências científicas à técnica, então aplicada pelo cirurgião Susruta Samhita, ao ano de 1597, quando o italiano Tagliacozzi as publicou, após a descoberta de antigos papiros que relatavam a prática detalhadamente.

Conforme tais referências, a Rinoplastia (Plástica de Nariz) seria, portanto, a “mãe” da cirurgia plástica, devendo-se tal procedimento, em épocas tão remotas, ao fato de ser a amputação do nariz a penalidade arbitrada como punição aos condenados.[1]

Apesar dos registros antigos, a cirurgia plástica como especialidade médica só se consolidou após o advento da anestesia e a descoberta dos antibióticos, no período entre e pós-guerras (1914-1945), quando a medicina obteve avanços notáveis no esforço de minimamente mitigar as marcas e feridas dos soldados.

“Considerado o ‘pai’ da cirurgia plástica moderna, Sir Harold Gilles (1882-1960) percebeu que as feridas precisavam ser fechadas com tecido de outros lugares para restabelecer funcionalidades corporais e dar uma aparência mais ‘normal’ para que os soldados pudessem retomar suas vidas. Para atingir este objetivo, Sir Gilles utilizou enxertos e retalhos (o movimento de tecidos de um local para o outro, mantendo a irrigação de sangue original) de pele. Um exemplo clássico destas técnicas são os grandes ferimentos faciais causados pela guerra de trincheira, que eram fechados com pele do braço ou das pernas”,[2] exemplos da cirurgia plástica reconstrutora.

O nome “plástica” deriva do grego, “plastikos”, que significa moldar, modelar. Como, inicialmente, foram aplicadas técnicas de remoção de tecido de uma parte do corpo para restabelecer as funções de órgãos e tecidos, e com finalidade exclusivamente reparadora, a cirurgia estética é citada como evolução da plástica reconstrutiva. “Uma vez que perceberam que poderiam manipular tecidos para curar feridas devastadoras e restaurar uma aparência ‘normal’, os cirurgiões plásticos começaram a manipular tecidos em pessoas ‘normais’ para buscar uma aparência melhor, criando, assim, a cirurgia plástica estética.”[3]

Ao longo de sua história, a cirurgia plástica resistiu ao preconceito, principalmente os procedimentos estéticos que não envolvem cura, até se tornar uma das especialidades médicas mais procuradas. No entanto, quando se observam os efeitos práticos de um procedimento da especialidade, seja sua finalidade estética ou reparadora, fica difícil estabelecer tal divisão, uma vez que quem se submete a uma cirurgia plástica estética não tem outro objetivo senão reparar ou reconstruir uma parte de seu corpo que considera incômoda e que, portanto, precisa ser reparada.

A SBCP

Uma das mais importantes entidades médico-científicas do mundo, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) congrega cerca de 5.500 cirurgiões plásticos nos 27 estados brasileiros, tendo sido fundada em 1948 em São Paulo. O trabalho da entidade, na organização institucional e no fomento ao desenvolvimento científico da especialidade médica, é nacional e internacionalmente reconhecido, posicionando o Brasil como referência mundial em cirurgia plástica.

Perto de completar 70 anos de atividade, a SBCP atua como força motriz do fomento ao progresso científico em sua especialidade médica central.

Sua relevância no cenário da cirurgia plástica nacional e internacional pode ser delineada por uma de suas metas institucionais: promover o aprimoramento do estudo desta especialidade médica, incentivando, sobretudo, o avanço na qualidade dos atendimentos oferecidos aos pacientes em todo o Brasil.

Graças à popularização das informações e do acesso aos procedimentos da cirurgia plástica – sejam estéticos, sejam reconstrutores –, os pacientes buscam saúde, segurança, qualidade de vida e bem-estar por meio da ação desta especialidade médica.

Médicos membros

Os médicos membros da SBCP se dividem em quatro categorias: aspirantes em treinamento, aspirantes, associados e titulares. O ingresso na Sociedade ocorre mediante rigoroso processo de seleção. Para ser aceito na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o médico tem que possuir especialização de 2 anos em cirurgia geral e mais 3 anos de especialização em serviço de cirurgia plástica credenciado pela SBCP .

Entretanto, para fazer parte dos quadros da SBCP, o médico, após atender aos requisitos acima descritos, necessita também prestar e ser aprovado em prova escrita e oral. Tais critérios seletivos, com provas e curriculum de formação anterior na área, objetivam primar pela formação dos médicos integrantes da Sociedade, chancelando, desta maneira, sua atuação profissional em todo o país.

Ao ingressar na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o cirurgião passa a integrar um grupo seleto de especialistas, no qual o intercâmbio de conhecimentos é um dos vetores para o aprimoramento e o avanço da especialidade médica.

Para tanto, além do fluxo de informações entre cirurgiões plásticos de todo o Brasil, os membros da SBCP participam de Jornadas Científicas periódicas e se encontram em um Congresso anual. Estas reuniões são vitais para a formação e o aperfeiçoamento profissional dos membros da Sociedade.

Informação online

Todos os membros da SBCP têm seus perfis apresentados no site nacional da entidade – www.cirugiaplastica.org.br –, sendo esta apresentação relevante para os membros e, em especial, para a sociedade em geral. Mediante rápida consulta, pacientes de qualquer local do globo podem checar informações sobre os especialistas certificados pela Sociedade, dirimindo dúvidas e buscando atendimento especializado.

No site www.cirugiaplastica.org.br também estão disponíveis informações sobre a atuação nacional da entidade em sua sede nacional (em São Paulo) e em suas 19 sedes regionais, entre as quais Alagoas, sobre ações beneficentes e filantrópicas realizadas pela SBCP e sobre seus dirigentes, eleitos por meio do voto direto dos médicos especialistas titulares para gestões administrativas com duração de um biênio.

Também no endereço virtual da entidade estão disponíveis todas as edições da Revista Brasileira de Cirurgia Plástica (ISSN Online 2177-1235 e ISSN Impresso 1983-5175), publicação científica editada trimestralmente pela SBCP e distribuída entre os cirurgiões integrantes da Sociedade.

A SBCP e a Cirurgia Plástica em Alagoas

Institucionalmente, a criação da SBCP em Alagoas completa 10 anos em 2015. A data de 25 de novembro de 2005 marca a fundação da regional alagoana da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, tendo como seu primeiro presidente, eleito para o biênio 2006/2007, o Dr. Lourival Cézar de Oliveira. Atualmente, a Sociedade é presidida pelo Dr. André de Mendonça Costa, eleito para o biênio 2014/2015.

Antes da atual gestão, a presidência da regional Alagoas da SBCP foi exercida pelo Dr. Luiz Alberto Lopes Ferreira (2008/2009) e Dr. Fernando Antônio Gomes de Andrade (2010/2011), tendo o Dr. Lourival César sido reconduzido ao posto para o biênio 2012/2013.

Uma história, um pioneiro

Embora seja o marco fundamental, do ponto de vista da organização social e profissional, a história da cirurgia plástica em Alagoas[4] não se inicia com a fundação da regional alagoana da SBCP. Muitos desconhecem, mas a história desta especialidade médica em Alagoas remonta ao trabalho de médicos alagoanos pioneiros, entre estes o Dr. Egas Carlos Duarte, que na década de 20 do século passado, portanto há quase 100 anos, já realizava cirurgias plásticas de redução de mama (mamoplastias redutoras) em Maceió.

Filho de José Antônio Duarte e Maria Clementina França Duarte, Dr. Egas nasceu em 1886 e se formou em medicina na Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, um dos mais efervescentes centros de formação médica do começo do século XX no Brasil.

Um dos primeiros especialistas em cirurgia plástica do Brasil, Dr. Egas Carlos Duarte iniciou sua carreira em Maceió. Em 1926, partiu para o Rio de Janeiro, onde veio a falecer precocemente em 1928, aos 42 anos.

Década de 60

Outro pioneiro da cirurgia plástica em Alagoas, décadas após o trabalho desenvolvido pelo Dr. Egas Carlos Duarte foi o Dr. José Costa Lima. Discípulo de um dos professores mais renomados na área da cirurgia plástica do Brasil à época, o Professor Perseu Lemos, o Dr. José Costa Lima partiu em 1963 para atuação e aprendizado no Serviço de Cirurgia Plástica do importante professor situado em Recife, Pernambuco.

Dr. José Costa Lima teve como motivador outro expoente da medicina alagoana, que foi o cirurgião-geral Dirceu Falcão. Mas a especialização do Dr. José Costa Lima ainda sofreria a influência do professor Ivo Pitanguy, com quem o alagoano estudou, na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro.

O esforço, a seriedade e a dedicação do Dr. José Costa Lima foram coroados com sua nomeação para a docência na Universidade Federal de Alagoas, em 1973. Neste mesmo ano, atracou em Maceió o navio hospital norte-americano do Projeto HOPE (Health Opportunity for People Everywhere). O navio SS HOPE viajava o mundo em missões de saúde e capacitando profissionais em suas estadias. Durante a permanência em Maceió, serviu como espaço de intercâmbio entre médicos alagoanos e cirurgiões plásticos norte-americanos.

Formação científica

Dois anos após a passagem do SS HOPE pelo litoral alagoano, em 1975, a academia de ciências médicas deu um passo importante para a consolidação da cirurgia plástica em Alagoas, com a criação da disciplina de Cirurgia Plástica e Reconstrutora no curso de medicina da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), sob a coordenação do Dr. José Costa Lima.

Nestes 10 anos de atuação – desde sua fundação no Estado, em 2005 –, a SBCP/AL teve atuação relevante na difusão do conhecimento científico nacional e global acerca da cirurgia plástica em Alagoas.

[1] JATENE, Paulo Roberto S., in: Como Surgiu a Cirurgia Plástica.

[2] CORDEIRO, Diogo, in: Qual a Origem do nome Cirurgia Plástica. http://www2.cirurgiaplastica.org.br/blog/qual-a-origem-do-nome-cirurgia-plastica/

[3] Idem.

[4] Acho que aqui temos que citar, em nota, o texto do Dr. Fernando A. Gomes.