Existem centenas de “Doutores bumbuns”

Gostaria de compartilhar com vcs um excente texto da Dra. Luciana Dadalto, referência em Direito Médico, sobre o caso do Dr. Bumbum. É um rico conteúdo da visão jurídica do caso.

Tenho lido e ouvido dezenas de pessoas indignadas com o “Dr. Bumbum”. Obviamente, também me indigno. Contudo, acho que o caso merece reflexões que não vi ainda serem feitas:

Por força do meu trabalho sigo inúmeros perfis de médicos, clínicas e demais instituições de saúde e posso afirmar: EXISTEM CENTENAS DE “DOUTORES BUMBUNS”! E o pior, essas centenas de doutores são seguidos, curtidos, compartilhados e idolatrados por milhares de pessoas.

A verdade é que vivemos uma espetacularização da medicina e os leigos querem ser atendidos pelos médicos que mais tem seguidores, curtidas, vídeos no you tube e intimidade. Sim, intimidade. As pessoas querem consumir a vida pessoal do médico. Já ouvi de um médico que ele precisava expor seu filho recém nascido e sua esposa puérpera para que os paciente confiassem nele.

Nesse dia eu quis gritar: “não! O que você precisa para que seu paciente confiem em você é ser o melhor médico possível na sua especialidade e o mais ético possível”.

Hoje, eu quero novamente gritar: se você escolhe seu médico pelo perfil dele no instagram saiba que: você pode ser vítima de um “dr. Bumbum”!! Os médicos são proibidos pelo Conselho Federal de Medicina de postar fotos de pacientes (quaisquer pacientes: em fim de vida, parturientes, recém-nascidos, pós operados de cirurgias estéticas), compartilhar elogios, fazer posts informando telefones, endereços, horários de atendimento, gravar partos, postar fotos de recém-nascidos, divulgar marcas de próteses de silicone e indicar parceiros como fotógrafos, casas de festa, cremes e marcas de roupa, etc. Portanto, se o médico que você é fã (sim, existem pacientes fanáticos) faz quaisquer dessas coisas ele está sendo antiético. E se um médico está sendo antiético no espaço virtual, tenha medo de como ele será no espaço real.

Sim! Sei que vai ter um monte de médico achando esse post um absurdo. Sei que a proliferação de faculdades de Medicina tem proliferado o número de médicos que precisam “vender a si próprio” e as redes sociais são hoje o canal mais rápido e mais escalável para realizar essa venda. Então, para quem acha as regras do CFM retrógradas, não as infrinja, lute para mudá-las!!

O “Dr. Bumbum” é um caso extremo de tudo isso que eu listei. Um caso absurdo, triste, criminoso. Mas, nós alimentamos o surgimentos desses casos diariamente. Somos todos responsáveis!!!